PECADOS
CONTRA O ESPÍRITO SANTO
“E
não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados
para o Dia da redenção”
(Ef 4.30).
Sendo
o Espírito Santo quem intercede por nós com gemidos inexprimíveis,
quem por nós intercederá se pecarmos contra Ele?
Hebreus
3.7-12.
7
– Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz,
8
– não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia
da tentação no deserto,
9
– onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta
anos, as minhas obras.
10
– Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre
erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos.
11
– Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso.
12
– Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração
mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.
INTRODUÇÃO
As
principais condições exigidas pelas Sagradas Escrituras para que o
crente seja cheio do poder do Espírito é não entristecer (Ef
4.30,31), extinguir (1 Ts 5.19), resistir (At 7.51), ultrajar (Hb
10.29) e, mentir ao Espírito Santo (At 5.3). Qualquer um desses
pecados desabilita o crente como candidato à plenitude do Espírito
de Cristo. A proibição contra essas transgressões sugere que o
crente, por seus atos e natureza pecaminosa, tem possibilidade de
ofender o Santo Espírito, interferindo assim, na obra do Espírito
no crente. Conseqüentemente, a insistência e teimosia do crente em
afrontar o Espírito da Graça, podem levá-lo, à semelhança dos
cristãos hebreus, ao pecado de apostasia e blasfêmia contra o
Espírito (Hb 10.19-39; Mt 12.22-32).
Os
pecados contra o Espírito Santo consistem em palavras, atitudes e
atos. Entre os pecados por palavras, acham-se as afrontas verbais e
as blasfêmias. As atitudes e atos constam da resistência ao
Espírito, e da recusa contínua de se cumprir a vontade de Deus.
Contudo, a resistência ao Espírito é o pecado inicial que se
comete contra o Consolador. Uma vez cometida esta ofensa, as demais
parecerão de somenos importância, visto que o coração do ofensor,
afetado terrivelmente pela iniqüidade, considerará o pecado algo
comum e corriqueiro.
I.
RESISTÊNCIA AO ESPÍRITO SANTO
Este
pecado contra o Espírito pode ser compreendido pelo modo como
Estevão concluiu seu sermão diante dos anciãos de Israel: “Homens
de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre
resistis ao Espírito Santo” (At 7.51). O pecado daqueles homens
não era um ato isolado, mas contínuo: resistir “sempre” ao
Espírito Santo (v.51).
1.
O que é resistir ao Espírito Santo. É recusar, de forma
consciente, a vontade divina transmitida pelo Espírito Santo
mediante a Palavra de Deus e por meio de seu trabalho em nossos
corações.
2.
O sentido do texto bíblico. O verbo resistir usado por Estevão no
original, vai além de uma mera resistência. Significa lutar contra;
lutar com agonia; cair em cima. O povo de Israel até hoje sofre as
conseqüências disso (1 Ts 2.15,16). O texto em estudo revela que os
ouvintes de Estevão lutavam contra o Espírito Santo, empregando
nesta peleja, todas as suas forças. Ver Zc 7.12; Gn 6.3; Is 30.1; Ne
9.30; Ez 8.3,6.
Você
tem resistido ao Espírito Santo? Israel, o povo de Deus, fez isso
por rebeldia contumaz e o Espírito do Senhor tornou-se inimigo deles
e passou a lutar contra eles. Que relato terrível e condenatório!
(Is 63.10).
II.
AGRAVO AO ESPÍRITO SANTO
Acostumados
como estavam ao culto levítico, e sob perseguição por causa do
evangelho de Cristo, os cristãos de origem judaica começaram a
deixar a igreja e a retornar ao judaísmo centrado no Templo em
Jerusalém. Em Hebreus 10.29, eles são incisivamente exortados a não
fazê-lo: “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado
merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o
sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao
Espírito da graça?”.
Aqueles
irmãos cometeram três horrendos pecados: o de pisar o filho de
Deus; o de ter por comum o sangue da aliança; e o de agravar o
Espírito Santo. Agravar, como aqui é empregado é afrontar,
ultrajar, debochar, zombar, injuriar, insultar com desdém.
III.
ENTRISTECER O ESPÍRITO SANTO
Na
Epístola aos Efésios, exorta-nos Paulo: “E não entristeçais o
Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da
redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e
blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (Ef
4.30,31).
1.
Tristeza do Espírito Santo. O vocábulo original tem a ver com
agravo, dor, aflição, angústia. Diante desta recomendação do
apóstolo Paulo, um teólogo asseverou: “O Espírito, que faz os
homens experimentarem a verdade, é envergonhado quando os santos
mentem uns para os outros e têm conversas vãs”.
2.
O que pode entristecer o Espírito Santo. Matthew Henry responde:
“Toda conversação maligna e corrupta, que estimule os desejos
pecaminosos e a luxúria, contrista o Espírito Santo”. O Espírito
Santo também é entristecido quando, desprezando a vontade divina,
preferimos seguir nossos desejos e ambições; quando o cristão não
reverencia a sua presença manifesta e ignora a sua voz; quando não
busca a sua vontade e direção.
IV.
MENTIR AO ESPÍRITO SANTO
A
mentira ao Espírito Santo está categoricamente exemplificada na
passagem em que Pedro, pelo Espírito Santo, denuncia a mentira de
Ananias e Safira: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração,
para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da
herdade?” (At 5.3). Vejamos o que significa este tipo de pecado:
1.
O sentido da palavra “mentira” em Atos 5.3. Aqui, o termo
original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade.
Ananias e Safira, certamente, ensaiaram esta mentira, como pode ser
visto no versículo 9.
2.
As implicações de se mentir ao Espírito Santo. Quem mente ao
Espírito Santo, menospreza a sua deidade; Ele é Deus (vv.3,4). Como
a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, Ele é onisciente,
onipresente e onipotente. Isso significa que o Espírito Santo tudo
sabe e tudo conhece. Logo, mentir e tentar o Espírito do Senhor
(v.9), é testar a tolerância de Deus, isto é, pecar até enquanto
Deus suportar. Ver Nm 14.22,23; Dt 6.16; Mt 4.7.
V.
EXTINGUIR O ESPÍRITO SANTO
Paulo
escrevendo aos irmãos de Tessalônica, exortou-os: “Não extingais
o Espírito” (1 Ts 5.19). Tem-se a impressão de que aquela igreja,
esquecendo-se de seu primeiro fervor (1 Ts 1.2,3,7), tornara-se
formalista; sua liturgia começava a extinguir o Espírito Santo. Se
por um lado, não podemos concordar com as meninices e fanatismos;
por outro, não haveremos de nos conformar ao mero ritualismo, pois
sempre resulta na supressão e extinção das operações do Espírito
Santo em nosso meio.
1.
O que é extinguir o Espírito. O termo traduzido por “extinguir”
referente ao Espírito Santo, tem o sentido colateral de apagar aos
poucos uma chama, um fogo que está a arder. Portanto, extinguir o
Espírito é agir de modo a impedir, suprimir ou limitar a
manifestação do Espírito do Senhor. Quando se perde o primeiro
amor, extinguimos ou apagamos de nossas vidas o Espírito de Cristo
(Ap 2.4).
2.
O perigo de se extinguir o Espírito. A extinção das operações do
Espírito Santo na vida da igreja quando não é letal, a adoece e
debilita, sem que ninguém o perceba. Mais tarde, resta somente a
lembrança do passado quando o fogo do céu ardia. Sempre que for
detectada a falta de operações do Espírito Santo em nosso meio,
devemos clamar a Deus sem cessar por um avivamento espiritual. A
extinção do Espírito Santo leva a igreja a mornidão espiritual
(Ap 3.14-22).
Provérbios
29:18 |
Onde
não há profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei esse
é bem-aventurado. |
Provérbios
29:18 |
Não
havendo profecia, o povo perece; porém o que guarda a lei, esse é
bem-aventurado. |
VI.
BLASFEMAR CONTRA O ESPÍRITO SANTO
1.
O que é blasfemar contra o Espírito Santo? Encontrava-se o Senhor
Jesus numa sinagoga em Cafarnaum, a sua cidade, quando lhe trouxeram
um endemoninhado cego e mudo. Jesus por sua compaixão libertou
totalmente o homem possesso. Os fariseus alegaram que Ele operara tal
milagre pelo poder do chefe dos demônios. Era o cúmulo do pecado
deles contra o Espírito Santo (Mt 12.24). Jesus lhes disse: “Todo
pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra
o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser
alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se
alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem
neste século nem no futuro” (Mt 12.31,32; Mc 3.28-30; Lc 12.10).
Os
adversários de Jesus blasfemavam contra Ele e o Espírito Santo,
declarando consciente, proposital e seguidamente que Jesus operava
milagres pelo poder de Satanás, o chefe dos demônios (Mt 9.32-34;
12.22-24; Mc 3.22; Lc 11.14,15). Com essa blasfêmia, eles estavam
rejeitando de modo deliberado o Espírito Santo que operava em Jesus,
o Messias (Mt 12.28; Lc 4.14-19; Jo 3.34; At 10.38).
2.
A blasfêmia contra o Espírito Santo é imperdoável. O ser humano
pode chegar a tal cegueira espiritual a ponto de blasfemar contra o
Espírito. Ver Mt 23.16,17,19,24,26. A blasfêmia contra o Espírito
de Deus é a conseqüência de pecado similares que a precedem, como:
(1) Rebelar-se e resistir ao Espírito (Is 63.10; At 7.51); (2)
Abafar e apagar o fogo interior do Espírito (1 Ts 5.19; Gn 6.3; Dt
29.18-21; 1 Ts 4.4); (3) Endurecimento total do coração,
cauterização da consciência e cegueira total. Chegando o ser
humano a este ponto, torna-se réprobo quanto à fé (2 Tm 3.8) e
passa a chamar o mal de bem e o bem de mal (Is 5.20). A blasfêmia
contra o Espírito do Senhor é imperdoável porque sendo Ele o que
nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11), e, que
intercede por nós (Rm 8.26,27), é recusado, rejeitado e blasfemado.
Ver 1 Sm 2.25.
CONCLUSÃO
O
Movimento Pentecostal somente poderá lograr bom êxito em qualidade
e quantidade se nos mantivermos nos padrões da sã doutrina e
revestidos do poder do alto. Poder de baixo, humano, terreno, não
temos falta; mas necessitamos sempre do poder do alto, que põe a
igreja em marcha (Lc 24.49). É impensável o pentecostalismo sem o
Espírito Santo. Portanto, não podemos cometer nenhum pecado contra
Ele. Se o fizermos, poderemos comprometer, fatalmente, o nosso
destino eterno. Que o Senhor nos ajude a sermos sadios na fé,
maduros no entendimento e zelosos na manutenção da chama do
autêntico avivamento espiritual.
LIÇÃO 9 3º TRI
2006 CPAD