I
- O VINHO NOS
TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO
Nm
6.3 “de vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho ou
vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de
uvas; nem uvas frescas nem secas comerá.”
A
- PALAVRAS HEBRAICAS PARA “VINHO”
De
um modo geral, há duas palavras hebraicas traduzidas por “vinho”
na Bíblia.
1) A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico
usado 141 vezes no AT para indicar vários tipos de vinho fermentado
ou não-fermentado (ver Ne 5.18, que fala de “todo o vinho [yayin]”
= todos os tipos).
a)
Por um lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva
fermentado (Gn 9.20,21; 19.32-33; 1Sm 25.36,37; Pv 23.30,31). Os
resultados trágicos de tomar vinho fermentado aparecem em vários
trechos do AT, notadamente Pv 23.29-35 (ver a próxima seção).
b)
Por outro lado, yayin também se usa com referência ao suco doce,
não-fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco fresco da uva
espremida. Isaías profetiza: “já o pisador não pisará as uvas
[yayin] nos lagares” (Is 16.10); semelhantemente, Jeremias diz:
“fiz que o vinho [yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão
uvas com júbilo” (Jr 48.33). Jeremias até chama de yayin o suco
ainda dentro da uva (Jr 40.10, 12). Outra evidência que yayin, às
vezes, refere-se ao suco não-fermentado da uva temos em Lamentações,
onde o autor descreve os nenês de colo clamando às mães, pedindo
seu alimento normal de “trigo e vinho” (Lm 2.12). O fato do suco
de uva não-fermentado poder ser chamado “vinho” tem o respaldo
de vários eruditos. A Enciclopédia
Judaica
(1901) declara: “O vinho fresco antes da fermentação era chamado
yayin-mi-gat [vinho de
tonel]
(Sanh, 70a)”. Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971) declara
que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes
etapas, inclusive “o vinho recém-espremido antes da
fermentação.”
O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração a
respeito de “vinho
[yayin]
do lagar” (Baba Bathra, 97a). E em Halakot Gedalot consta: “Pode-se
espremer um cacho de uvas, posto que o suco da uva é considerado
vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado”
(citado
por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923).
2)
A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é tirosh, que
significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre
38 vezes no AT; nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao
produto não-fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de
uvas (Is 65.8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Dt 11.14; Pv
3.10; Jl 2.24). Brown, Driver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês do
Velho Testamento) declaram que tirosh significa “mosto, vinho
fresco ou novo”. A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh
inclui todos os tipos de sucos doces e mosto, mas não vinho
fermentado”. Tirosh tem “bênção nele” (Is 65.8); o vinho
fermentado, no entanto, “é escarnecedor” (Pv 20.1) e causa
embriaguez (ver Pv 23.31)
NÃO OLHES PARA O VINHO, QUANDO SE MOSTRA VERMELHO. Este versículo
adverte sobre o perigo do vinho (hb. yayin) uma vez fermentado.
Portanto, o yayin a que se refere esta passagem deve ser distinguido
do yayin não fermentado (ver Is 16.10 e o estudo O VINHO NOS TEMPOS
DO ANTIGO TESTAMENTO). Fermentação é o processo pelo qual o açúcar
do suco de uva converte-se em -álcool e em dióxido de carbono.
(1)
O verbo "olhar" (hb. ra?ah) é uma palavra comum que
significa "ver, olhar, examinar" (cf. Gn 27.1); ra?ah é
também empregado no sentido de "escolher", o que sugere
que não devemos olhar com desejo para o vinho fermentado. Deus
instrui seu povo a nem sequer pensar em beber vinho fermentado; nada
se diz nesta passagem sobre beber vinho com moderação.
(2)
O adjetivo "vermelho" (hb. ?adem) significa "vermelho,
avermelhado, rosado". Segundo o Lexicon de Gesenius, isso
refere-se à "efervescência" do vinho no copo, i.e., seu
borbulhar cintilante.
(3)
A frase seguinte: "quando resplandece no copo", diz
literalmente "quando [o vinho] dá olho no copo".Trata-se
das bolhas de dióxido de carbono produzidas pela fermentação, ou à
aparência borbulhante do vinho fermentado).
3)
Além dessas duas palavras para “vinho”, há outra palavra
hebraica que ocorre 23 vezes no AT, e freqüentemente no mesmo
contexto — shekar, geralmente traduzida por “bebida forte”
(e.g., 1Sm 1.15; Nm 6.3). Certos estudiosos dizem que shekar, mais
comumente, refere-se a bebida fermentada, talvez feita de suco de
fruto de palmeira, de romã, de maçã, ou de tâmara. A Enciclopédia
Judaica (1901) sugere que quando yayin se distingue de shekar, aquele
era um tipo de bebida fermentada diluída em água, ao passo que esta
não era diluída. Ocasionalmente, shekar pode referir-se a um suco
doce, não-fermentado, que satisfaz (Robert P. Teachout: “O Uso de
Vinho no Velho Testamento”, dissertação de doutorado em Teologia,
Seminário Teológico Dallas, 1979). Shekar relaciona-se com shakar,
um verbo hebraico que pode significar “beber à vontade”, além
de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que quando yayin e
shekar aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem que se
refere às bebidas embriagantes.
B
- A POSIÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO SOBRE O VINHO FERMENTADO
Em
vários lugares o AT condena o uso de yayin e shekar como bebidas
fermentadas.
1)
A Bíblia descreve os maus efeitos do vinho embriagante na história
de Noé (Gn 9.20-27). Ele plantou uma vinha, fez a vindima, fez vinho
embriagante de uva e bebeu. Isso o levou à embriaguez, à imodéstia,
à indiscrição e à tragédia familiar em forma de uma maldição
imposta sobre Canaã. Nos tempos de Abraão, o vinho embriagante
contribuiu para o incesto que resultou em gravidez nas filhas de Ló
(Gn 19.31-38).
2)
Devido ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus
ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e
doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus
considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para
motivar a pena de morte para o sacerdote que a cometesse (Lv
10.9-11).
3)
Deus também revelou a sua vontade a respeito do vinho e das bebidas
fermentadas ao fazer da abstinência uma exigência para todos que
fizessem voto de nazireado (ver a próxima seção).
4)
Salomão, na sabedoria que Deus lhe deu, escreveu: “O vinho é
escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que
neles errar nunca será sábio” (Pv 20.1)
O
VINHO É ESCARNECEDOR, E A BEBIDA FORTE, ALVOROÇADORA. Este
versículo descreve a natureza e o mal em potencial da bebida
fermentada. Note a prescrição da bebida embriagante juntamente com
os seus efeitos.
a) O
vinho, como "escar-ne-cedor", freqüentemente leva ao
escárnio e zombaria daquilo que é bom (cf. 9.7,8; 13.1; 14.6;
15.12). As bebidas alcoólicas, por serem "alvoroçadoras",
freqüentemente causam distúrbios, inimizades e conflitos nas
famílias e na sociedade.
b) O vinho e as bebidas embriagantes
são chamados escarnecedores e alvoroçadores independentemente da
quantidade ingerida.
c) "Aquele que neles errar",
por julgar que as bebidas embriagantes são admissíveis, boas,
saudáveis ou inócuas, se ingeridas com moderação, desconsidera a
advertência clara das Escrituras (23.29-35).
d) Esta condenação da bebida
alcoólica não significa que a Bíblia condena o uso de todos os
tipos de "vinho". Yayin, a palavra hebraica comum para
"vinho" no AT, freqüentemente se refere ao suco de uva
não fermentado. As bebidas alcoólicas podem levar o
usuário a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a
perder o autocontrole no tocante ao pecado e à imoralidade.
5)
Finalmente, a Bíblia declara de modo inequívoco que para evitar ais
e pesares e, em lugar disso, fazer a vontade de Deus, os justos não
devem admirar, nem desejar qualquer vinho fermentado que possa
embriagar e viciar (Pv 23.29-35)
VINHO... BEBIDA MISTURADA. Nestes versículos,
temos o primeiro mandamento claro e preciso, na revelação
progressiva de Deus, que proíbe o seu povo de beber vinho
fermentado. Deus nos instrui aqui concernente a bebidas alcoólicas
e da sua influência degradante.
23.31
NÃO OLHES PARA O VINHO, QUANDO SE MOSTRA VERMELHO. Este versículo
adverte sobre o perigo do vinho (hb. yayin) uma vez fermentado.
Portanto, o yayin a que se refere esta passagem deve ser
distinguido do yayin não fermentado. Fermentação é o processo
pelo qual o açúcar do suco de uva converte-se em -álcool e em
dióxido de carbono.
(1)
O verbo "olhar" (hb. ra?ah) é uma palavra comum que
significa "ver, olhar, examinar" (cf. Gn 27.1); ra?ah é
também empregado no sentido de "escolher", o que
sugere que não devemos olhar com desejo para o vinho fermentado.
Deus instrui seu povo a nem sequer pensar em beber vinho
fermentado; nada se diz nesta passagem sobre beber vinho com
moderação.
(2)
O adjetivo "vermelho" (hb. ?adem) significa "vermelho,
avermelhado, rosado". Segundo o Lexicon de Gesenius, isso
refere-se à "efervescência" do vinho no copo, i.e.,
seu borbulhar cintilante.
(3)
A frase seguinte: "quando resplandece no copo", diz
literalmente "quando [o vinho] dá olho no copo".Trata-se
das bolhas de dióxido de carbono produzidas pela fermentação,
ou à aparência borbulhante do vinho fermentado).
C
- OS NAZIREUS E O VINHO
O
elevado nível de vida separada e dedicada a Deus, dos nazireus,
devia servir como exemplo a todo israelita que quisesse assim fazer
(ver Nm 6.2)
NAZIREU.
A palavra "nazireu" (hb. nazir, de nazar, "pôr à
parte") designa a pessoa consagrada e dedicada totalmente ao
Senhor. A dedicação poderia durar um período determinado, ou por
toda a vida (Jz 13.5; 1 Sm 1.11).
(1)
Os nazireus eram suscitados pelo próprio Deus para demonstrarem
através do seu modo de vida, o máximo padrão divino de
santidade, de consagração e de dedicação, diante do povo (cf.
Am 2.11,12). O voto de nazireado era totalmente voluntário. O
propósito disso era ensinar a Israel que a dedicação total a
Deus deve primeiro brotar do coração da pessoa, para depois
expressar-se através da abnegação (vv. 3-4), do testemunho
visível (v. 5) e da pureza pessoal (vv. 6-8). A dedicação
completa do nazireu é um exemplo daquilo que todo cristão deve
procurar ser.). Deus deu aos nazireus
instruções claras a respeito do uso do vinho.
(2)
Eles deviam abster-se “de vinho e de bebida forte” (6.3; ver Dt
14.26). Nota6.3
VINHO... BEBIDA FORTE. 6.3 BEBERAGEM DE UVAS. A palavra traduzida
"beberagem" (hb. mishrah) refere-se a uma bebida feita
com uvas ou restos de uvas, espremidos e deixados de molho na água.
4.26 BEBIDA FORTE... TU E A TUA CASA. Este versículo concerne a
ocasiões especiais de adoração e ação de graças a Deus, por
toda a família, a saber: homens, mulheres, jovens e crianças. O
termo hebraico aqui, para "vinho" (yayin), pode
significar o suco de uva fermentado ou não-fermentado. O termo
hebraico para bebida fermentada (shekar) admite a tradução
"bebida doce" A tradução acima, de yayin, elimina a
dificuldade, i.e., o texto aparentemente ordena que adultos e
crianças adorem a Deus, tomando bebida embriagante e viciante.
Qualquer
estudo visando a exata interpretação deste versículo, deve levar
em consideração as seguintes observações:
(1)
O propósito do culto de adoração era "para que aprendas a
temer ao SENHOR, teu Deus, todos os dias" (v. 23). A fim de
adorar a Deus devidamente, e a aprender a temê-lo, é necessário ao
adorador estar totalmente sóbrio e temperante (ver Ef 5.18 nota; 1
Ts 5.6 ). Note que Deus requer a abstinência total de bebidas
embriagantes, para que se distinga entre o que é santo e o que é
profano, para ensinar corretamente os seus mandamentos (Lv 10.9) e
para fazer com que ninguém esqueça da lei de Deus (ver Pv 31.4,5
notas).
(2)
Os sacerdotes levitas deviam estar presentes no culto de adoração
(vv. 27-29). Deus ordenou que esses sacerdotes se abstivessem de
bebida embriagante (sob pena de morte) durante o seu ministério
sacerdotal (Lv 10.9). Seria totalmente contrário ao caráter santo
de Deus, Ele ordenar o livre uso de bebida embriagante aos fiéis,
estando estes acompanhados dos sacerdotes.
(3)
O evento em apreço tratava-se da Festa da -Colheita, durante a qual,
produtos frescos do campo eram consumidos (v. 23). Esse fato sugere
que a bebida consumida aqui, era o suco novo e fresco de uva.
(4) Além disso, as recentes descobertas de terríveis deformações
causadas pelo álcool, em fetos no ventre materno, deve-se levar em
conta, antes de alguém afirmar que um Deus onisciente, abençoou,
aprovou ou ordenou que pais, mães e crianças israelitas se
"regozijassem" diante dEle, tomando bebida alcoólica e
viciante (ver Pv 23.31 nota. Nem
sequer lhes era permitido comer ou beber qualquer produto
feito de uvas, quer em forma líquida, quer em forma sólida. O mais
provável é que Deus tenha dado esse mandamento como salvaguarda
ante a tentação de tomar bebidas inebriantes e ante a possibilidade
de um nazireu beber vinho alcoólico por engano (6.3-4). Deus não
queria que uma pessoa totalmente dedicada a Ele se deparasse com a
possibilidade de embriaguez ou de viciar-se (cf. Lv 10.8-11; Pv
31.4,5). Daí, o padrão mais alto posto diante do povo de Deus, no
tocante às bebidas alcoólicas, era a abstinência total (6.3-4).
(5)
Beber álcool leva, freqüentemente, a vários outros pecados (tais
como a imoralidade sexual ou a criminalidade). Os nazireus não
deviam comer nem beber nada que tivesse origem na videira, a fim de
ensinar-lhes que deviam evitar o pecado e tudo que se assemelhasse ao
pecado, que leva a ele, ou que tenta a pessoa a cometê-lo.
(6)
O padrão divino para os narizeus, da total abstinência de vinho e
de bebidas fermentadas, era rejeitado por muitos em Israel nos tempos
de Amós. Esse profeta declarou que os ímpios “aos nazireus destes
vinho a beber” (ver Am 2.12 nota2.12
AOS NAZIREUS DESTES VINHO A BEBER. Deus consagrara os nazireus para
serem os mais sublimes exemplos de dedicação e justiça em Israel
(ver Nm 6.2 nota). Parte de sua consagração consistia em abster-se
de todos os tipos de vinho (ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO ANTIGO
TESTAMENTO). Os israelitas gostavam tanto de bebidas inebriantes
(6.6), que chegavam mesmo a subverter os nazireus para que estes
abandonassem o seu compromisso de abstinência. Por causa disto, Deus
lhes traria a condenação (2.12-16). Os que induzem o próximo ao
pecado, incluindo a ingestão de bebidas alcoólicas, devem estar
atentos à advertência divina). O
profeta Isaías declara por sua vez: “o sacerdote e o profeta erram
por causa da bebida forte; são absorvidos do vinho, desencaminham-se
por causa da bebida forte, andam errados na visão e tropeçam no
juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de
imundícia; não há nenhum lugar limpo” (Is 28.7,8). Assim
ocorreu, porque esses dirigentes recusaram o padrão da total
abstinência estabelecido por Deus (ver Pv 31.4,5 nota31.4,5
NÃO É PRÓPRIO DOS REIS BEBER VINHO. O padrão de comportamento
requerido por Deus para os reis e governantes do seu povo,
especialmente no tocante a beber vinho fermentado e bebidas
inebriantes, era elevado.
(a)
O hebraico diz literalmente aqui: "Que não haja ingestão".
Nada há nesta passagem que permita alguém beber com moderação
(ver 20.1 nota; 23.29-35 notas.
(b)
A razão por que os reis e os governantes não devem beber bebidas
inebriantes é que, afetados pela bebida, eles podiam esquecer-se da
lei. A bebida os faria moralmente fracos e os levaria a desobedecer à
lei de Deus e a perverter a justiça. Este texto levou os rabinos
judaicos a decretar que o juiz que bebesse um renuth (i.e., um copo
de vinho) "não podia tomar assento no juízo, nem numa escola,
nem podia ensinar em tais circunstâncias" (Koplowitz, Midrash,
yayin, p. 30).
(c)
O mesmo princípio regia os sacerdotes, que no AT ministravam perante
o Senhor a favor do povo (Lv 10.8-11; ver 10.9 nota).
(d)
Todos os salvos do NT são feitos reis e sacerdotes de Deus,
pertencentes ao reino espiritual de Deus (1 Pe 2.9). Logo, o padrão
de Deus para os reis e sacerdotes quanto a não ingerirem bebidas
embriagantes é igualmente aplicável a nós (ver Nm 6.1-3; Ef 5.18
nota; 1 Tm 3.3 nota)).
(7)
A marca essencial do nazireado — i.e., sua total consagração a
Deus e aos seus padrões mais elevados — é um dever do crente em
Cristo (cf. Rm 12.1; 2Co 6.17; 7.1). A abstinência de tudo quanto
possa levar a pessoa ao pecado, estimular o desejo por coisas
prejudiciais, abrir caminho à dependência de drogas ou do álcool,
ou levar um irmão ou irmã a tropeçar, é tão necessário para o
crente hoje quanto o era para o nazireu dos tempos do AT (ver 1Ts 5.6
nota5.6 SEJAMOS SÓBRIOS. A palavra "sóbrio" (gr. nepho)
tinha dois significados nos tempos do NT.
(a)
O significado primário e literal, conforme explicam vários léxicos
do grego, é "um estado de abstinência de vinho", "não
beber vinho", "abster-se de vinho", "estar
totalmente livre dos efeitos do vinho" ou "estar sóbrio,
abstinente de vinho". A palavra tem um segundo sentido,
metafórico, de alerta, vigilância ou domínio próprio, i.e., estar
espiritualmente alerta e controlado, exatamente como alguém que não
toma bebida alcoólica.
(b)
O contexto deste versículo deixa ver que Paulo tinha em mente o
significado literal. As palavras "vigiemos e sejamos sóbrios"
são contrastadas com as palavras do versículo seguinte: "os
que se embebedam embebedam-se de noite" (v. 7). Sendo assim, o
contraste que Paulo fez entre nepho e a embriaguez física indica que
ele tinha em mente o sentido literal: "abstinência do vinho".
Compare com a declaração de Jesus a respeito dos que comem e bebem
com os ébrios, e assim são apanhados desprevenidos na sua volta (Mt
24.48-51).; Tt 2.2 nota2.2 OS VELHOS QUE SEJAM SÓBRIOS. O
significado nítido desse texto é que os homens mais idosos devem
ser um exemplo para todos os crentes, para se apresentarem a Deus
como sacrifício vivo, abstendo-se de vinho embriagante (ver 1 Tm
3.2,11, onde a palavra "sóbrio" é usada com referência
aos pastores e às mulheres). Esta interpretação tem apoio nos
fatos abaixos:
(1)
"Sóbrios" (gr. nephalios) é definido nos léxicos do
grego do NT como o sentido principal de abster-se de vinho. Vejamos
as definições abaixo: "A palavra originalmente refere-se à
abstinência de álcool" (Chave Linguística do NT Grego,
Reinecher e Rogers, EVN); "quem não bebe vinho"
(Dicionário Grego de Bizâncio, Atenas, 1839); "não com vinho;
sem vinho" (Liddell e Scott); "livre de toda infusão de
vinho" (Moulton-Milligan); "sem qualquer vinho"
(Kittel e Friedrick); "não misturado com vinho" (G.
Abott-Smith); "literalmente, estado de abstinência do vinho"
(Brown, Dicionário de Teologia do Novo Testamento, EVN, Vol. 1).
Brown acrescenta: "nephalios ocorre somente nas Epístolas
Pastorais e denota o modo de vida abstinente exigido dos bispos (1 Tm
3.2), das mulheres (1 Tm 3.11) e dos mais idosos (2.2)". R.
Laird Harris afirma que "nephalios é usado regularmente entre
os autores clássicos no sentido de livre de todo o vinho" (The
Bible Today, p. 139).
(2)
Os escritores judaicos contemporâneos de Paulo e de Pedro confirmam
o uso comum da definição principal acima. Josefo declara, com
referência aos sacerdotes judaicos, que "em todos os aspectos,
são puros e abstinentes (nephalioi), sendo-lhes proibido beber
vinho, enquanto usarem as vestes sacerdotais" (Antiguidades,
3.12.2). Filo também declara que a alma regenerada "se abstém
(nephein) continuamente e durante a totalidade da sua vida"
(Embriaguez, 37).
(3)
À luz do que foi dito, não se pode, em boa consciência, supor que
o apóstolo Paulo empregou essa palavra sem conhecer seu significado
principal (ver 1 Ts 5.6 nota). Além disso, trata-se neste versículo
da divinamente inspirada Palavra de Deus.
2.3
NÃO DADAS A MUITO VINHO. Ver 1 Tm 3.8 nota.
2.4,5
MULHERES... AMAREM SEUS MARIDOS... FILHOS. Deus tem um propósito
específico para a mulher em relação à família, ao lar e à
maternidade. (1) O desejo e o propósito de Deus para
a
esposa e mãe, é que a sua atenção e dedicação se focalizem na
família. O lar, o marido e os filhos precisam ser o centro dos
interesses da mãe cristã; essa é a maneira que Deus lhe
determinou
para honrar a sua Palavra (cf. Dt 6.7; Pv. 31.27; 1 Tm 5.14), (2) As
tarefas específicas que Deus deu à mulher, no que diz respeito à
família, incluem: (a) cuidar dos filhos que Deus lhe
confiou
(v.4; 1 Tm 5.14) como um serviço para o Senhor (Sl 127.3; Mt 18.5;
Lc 9.48); (b) ser a auxiliar e fiel companheira do seu marido (vv.
4,5; ver Gn 2.18 nota); (c) ajudar o pai a formar nos filhos
um
caráter santo, e adestrá-los nas coisas práticas da vida (Dt 6.7;
Pv 1.8,9; Cl 3.20); 1 Tm 5.10; ver o estudo PAIS E FILHOS); (d) ser
hospitaleira (Is 58.5-8; Lc 14.12-14; 1 Tm 5.10); (e) usar sua
capacidade
prática para atender às necessidades do lar (Pv
31.13,15,16,18,19,22,24); e (f) cuidar dos pais idosos no seu lar (1
Tm 5.8; Tg 1.27). (3) As mães que desejam cumprir o plano de Deus
para
sua vida e para sua família, mas que, devido às necessidades
econômicas, são obrigadas a ter um emprego em que trabalham longe
dos filhos pequenos, devem confiar suas circunstâncias
às
mãos do Senhor, enquanto oram a Deus por condições de ocupar o seu
lugar e de cumprir as funções e a posição que Deus lhe deu no lar
com os seus filhos (Pv 3.5,6; ver também Ef 5.21-23
notas;
1 Tm 5.3);
II
- O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO TESTAMENTO
Lc
7.33,34 “Porque veio João Batista, que não comia pão nem
bebia
vinho, e dizeis: Tem demônio. Veio o Filho do Homem,
que
come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de
vinho,
amigo dos publicanos e dos pecadores.”
A
- VINHO: FERMENTADO OU NÃO FERMENTADO?
Segue-se
um exame da palavra bíblica mais comumente usada para vinho. A
palavra
grega
para “vinho”, em Lc 7.33, é oinos. Oinos pode referir-se a dois
tipos bem diferentes de suco
de
uva:
1)
suco não fermentado, e
2)
vinho fermentado ou embriagante. Esta definição apóia-se
nos
dados abaixo.
a)
A palavra grega oinos era usada pelos autores seculares e religiosos,
antes da era cristã e nos tempos da igreja primitiva, em referência
ao suco fresco da uva (ver Aristóteles, Metereologica, 387.b.9-13).
(1) Anacreontes (c. de 500 a.C.) escreve: “Esprema a uva, deixe
sair o vinho [oinos]” (Ode 5).
(2)
Nicandro (século II a.C.) escreve a respeito de espremer uvas e
chama de oinos o suco daí produzido (Georgica, fragmento 86).
(3)
Papias (60-130 d.C.), um dos pais da igreja primitiva, menciona que
quando as uvas são espremidas produzem “jarros de vinho [oinos]”
(citado por Ireneu, Contra as Heresias, 5.33.3–4).
(4)
Uma carta em grego escrita em papiro (P. Oxy. 729; 137 d.C.), fala de
“vinho [oinos] fresco, do tanque de espremer” (ver Moulton e
Milligan, The Vocabulary of the Greek Testament, p. 10).
(5) Ateneu (200d.C.) fala de um “vinho [oinos] doce”, que “não
deixa pesada a cabeça” (Ateneu, Banquete, 1.54). Noutro lugar,
escreve a respeito de um homem que colhia uvas “acima e abaixo,
pegando vinho [oinos] no campo” (1.54). Para considerações mais
pormenorizadas sobre o uso de oinos pelos escritores antigos, ver
Robert P. Teachout: “O Emprego da Palavra ‘Vinho’ no Antigo
Testamento”. (Dissertação de Th.D. no Seminário Teológico de
Dallas, 1979).
b)
Os eruditos judeus que traduziram o AT do hebraico para o grego c. de
200 a.C. empregaram a palavra oinos para traduzir várias palavras
hebraicas que significam vinho.Noutras palavras, os escritores do NT
entendiam que oinos pode referir-se ao suco de uva, com ou
sem
fermentação.
c)
Quanto a literatura grega secular e religiosa, um exame de trechos do
NT também revela que oinos pode significar vinho fermentado, ou não
fermentado. Em Ef 5.18, o mandamento: “não vos embriagueis com
vinho [oinos]” refere-se ao vinho alcoólico. Por outro lado, em Ap
19.15 Cristo é descrito pisando o lagar. O texto grego diz: “Ele
pisa o lagar do vinho [oinos]”; o oinos que sai do lagar é suco de
uva (ver Is 16.10 nota6.10 AS UVAS NOS LAGARES. Nesta passagem, o
suco fresco e não-fermentado da uva, ainda no lagar, chama-se yayin
( vinho ) em hebraico, assim como noutros textos do AT (ver o estudo
O
VINHO
NOS TEMPOS DO ANTIGO TESTAMENTO). O equivalente a yayin, no grego do
Novo Testamento é oinos (ver o estudo O VINHO NOS TEMPOS DO NOVO
TESTAMENTO, (1) e (2)); Jr 48.32,33 nota). Em Ap 6.6, oinos refere-se
às uvas da videira como uma safra que não deve ser destruída.
Logo, para os crentes dos tempos do NT, “vinho” (oinos) era uma
palavra genérica que podia ser usada para duas bebidas
distintivamente diferentes, extraídas da uva: o vinho fermentado e o
não fermentado.
d)
Finalmente, os escritores romanos antigos explicam com detalhes
vários processos usados
para
tratar o suco de uva recém-espremido, especialmente as maneiras de
evitar sua
fermentação.
(1)
Columela (Da Agricultura, 12.29), sabendo que o suco de uva não
fermenta quando mantido frio (abaixo de 10 graus C.) e livre de
oxigênio, escreve da seguinte maneira: “Para que o suco de uva
sempre permaneça tão doce como quando produzido, siga estas
instruções: Depois de aplicar a prensa às uvas, separe o mosto
mais novo [i.e., suco fresco], coloque-o num vasilhame (amphora)
novo, tampe-o bem e revista-o muito cuidadosamente com piche para não
deixar a mínima gota de água entrar; em seguida, mergulhe-o numa
cisterna ou tanque de água fria, e não deixe nenhuma parte da
ânfora ficar acima da superfície. Tire a ânfora depois de quarenta
dias. O suco permanecerá doce durante um ano” (ver também
Columela: Agricultura e Árvores; Catão: Da Agricultura). O escritor
romano Plínio (século I d.C.) escreve: “Tão logo tiram o mosto
[suco de uva] do lagar, colocam-no em tonéis, deixam estes submersos
na água até passar a primeira metade do inverno, quando o tempo
frio se instala” (Plínio, História Natural, 14.11.83). Este
método deve ter funcionado bem na terra de Israel (ver Dt 8.7;
11.11,12; Sl 65.9-13).
(2)
Outro método de impedir a fermentação das uvas é fervê-las e
fazer um xarope.
Historiadores antigos chamavam esse produto de “vinho” (oinos). O
Cônego Farrar (Smith’s Bible Dictionary, p. 747) declara que “os
vinhos assemelhavam-se mais a xarope; muitos deles não eram
embriagantes”. Ainda, O Novo Dicionário da Bíblia , observa que
“sempre havia meios de conservar doce o vinho durante o ano
inteiro”.
B
- O USO DO VINHO NA CEIA DO SENHOR.
Jesus
usou uma bebida fermentada ou não fermentada de uvas, ao instituir a
Ceia do Senhor
(Mt
26.26-29; Mc 14.22-25; Lc 22.17-20; 1Co 11.23-26)? Os dados abaixo
levam à conclusão de
que
Jesus e seus discípulos beberam no dito ato suco de uva não
fermentado.
(1)
Nem Lucas nem qualquer outro escritor bíblico emprega a palavra
“vinho” (gr. oinos) no tocante à Ceia do Senhor. Os escritores
dos três primeiros Evangelhos empregam a expressão “fruto da
vide” (Mt 26.29; Mc 14.25; Lc 22.18). O vinho não fermentado é o
único “fruto da vide” verdadeiramente natural, contendo
aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool.
A
fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a
videira produz. O vinho fermentado
não
é produzido pela videira.
(2)
Jesus instituiu a Ceia do Senhor quando Ele e seus discípulos
estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa em Êx 12.14-20
proibia, durante a semana daquele evento, a presença de seor (Êx
12.15), palavra hebraica para fermento ou qualquer agente
fermentador. Seor, no mundo antigo, era freqüentemente obtido da
espuma espessa da superfície do vinho quando em fermentação. Além
disso, todo o hametz (i.e., qualquer coisa fermentada) era proibido
(Êx 12.19; 13.7). Deus dera essas leis porque a fermentação
simbolizava a corrupção e o pecado (cf. Mt 16.6,12; 1Co 5.7,8).
Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências
(Mt 5.17). Logo, teria cumprido a lei de Deus para a Páscoa, e não
teria usado vinho fermentado.
(3)
Um intenso debate perpassa os séculos entre os rabinos e estudiosos
judaicos sobre a proibição ou não dos derivados fermentados da
videira durante a Páscoa. Aqueles que sustentam uma interpretação
mais rigorosa e literal das Escrituras hebraicas, especialmente Êx
13.7, declaram que nenhum vinho fermentado devia ser usado nessa
ocasião.
(4)
Certos documentos judaicos afirmam que o uso do vinho não fermentado
na Páscoa era comum nos tempos do NT. Por exemplo: “Segundo os
Evangelhos Sinóticos, parece que no entardecer da quinta-feira da
última semana de vida aqui, Jesus entrou com seus discípulos em
Jerusalém, para com eles comer a Páscoa na cidade santa; neste
caso, o pão e o vinho do culto de Santa Ceia instituído naquela
ocasião por Ele, como memorial, seria o pão asmo e o vinho não
fermentado do culto Seder” (ver “Jesus”. The Jewish
Encyclopaedia, edição de 1904. V.165).
(5)
No AT, bebidas fermentadas nunca deviam ser usadas na casa de Deus, e
um sacerdote não podia chegar-se a Deus em adoração se tomasse
bebida embriagante (Lv 10.9 nota). Jesus Cristo foi o Sumo Sacerdote
de Deus do novo concerto, e chegou-se a Deus em favor do seu povo (Hb
3.1; 5.1-10).
(6)
O valor de um símbolo se determina pela sua capacidade de conceituar
a realidade espiritual. Logo, assim como o pão representava o corpo
puro de Cristo e tinha que ser pão asmo (i.e., sem a corrupção da
fermentação), o fruto da vide, representando o sangue incorruptível
de Cristo, seria melhor representado por suco de uva não fermentado
(cf. 1Pe 1.18,19). Uma vez que as
Escrituras
declaram explicitamente que o corpo e sangue de Cristo não
experimentaram corrupção (Sl 16.10; At 2.27; 13.37), esses dois
elementos são corretamente simbolizados por aquilo que não é
corrompido
nem fermentado.
(7)
Paulo determinou que os coríntios tirassem dentre eles o fermento
espiritual, i.e., o agente fermentador “da maldade e da malícia”,
porque Cristo é a nossa Páscoa (1Co 5.6-8). Seria
contraditório
usar na Ceia do Senhor um símbolo da maldade, i.e., algo contendo
levedura ou fermento, se considerarmos os objetivos dessa ordenança
do Senhor, bem como as exigências bíblicas para dela participarmos.
(8)
Mesmo que considere o vinho fermentado como fruto da vide, o suco
também o é. Qual a melhor escolha então?
Fontes: Entre outras, Bíblia de Estudo Pentecostal
JESUS TE ABENÇOE!